Maldita criança sem a qual não posso viver , Tu.
É como se mantivesses as mãos firmes na minha garganta, tentando-me sufocar para não mais te ensandecer.
Não foi uma escolha, não é poesia, talvez seja obra do acaso mas não me atrevo a chamar-lhe destino, quero apenas sentir-te nas mãos.Sabes, protecção desinteressada e o carinho de mão cheia não é algo que se ofereça, mas eu chovo-te em cima do guarda-chuva com que tu andas fugido de mim. Confiar não é de mim, mas ponho-me nas tuas mãos.
Já não me basta o suposto, eu quero o concreto, eu quero-te a ti, apenas como forro de mim. Estas-me perto cá dentro mesmo que corras de mim lá fora, e torna-se um tormento explicar-te tamanha tristeza em copos de cristal. Tanto é o aperto o coração ao ver-te vaguear em ti próprio, usufruindo de prazeres passageiros que me magoam sem me dares esse direito. Que baú de incertezas abriste tu afinal! Tenho-te passeando-me nos dedos escorregando a cada passo, não sei se foges ou se te deixas cair. Talvez te atires. Mas não me deixes. A tua companhia dá-me o alento de um forte abraço, mesmo quando o teu silencio tem o sabor de um amargo insulto. Não percebo a dureza das atitudes, não percebo a minha ansiedade de ti, do teu ombro contra a minha cabeça. E não há o que desculpar nem o que contar. Não segredos nem verdades nem mentiras, nem tuas nem minhas. Não há eles nem elas, nem noites nem dias. Não há horas nem definições. Há só o cansaço da procura. A desilusão da ilusão não imaginada.
Não mais nada a dizer.
Não consigo nada mais dizer.
Porque Hoje Miguel, sou eu que guardo as lágrimas num guardanapo para ti.
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