27 de junho de 2010

No Identity

find out take much more than you think... but in the end... what do you find?
 (is a foto, but I can totaly draw this)
Mais do que algum dia desejei ou sequer imaginei.
Não me sabia tão susceptível à luz...
E no lado escuro da lua espero que retirem os últimos corpos ainda caídos por terra.
A ausência de vida é um cenário deveras austero, mas não me chega a chocar.
No escuro silencioso deste meu lado lunar apenas a vida me espanta, me assusta, me afasta.
Com a vida vêm muitas outras coisas, coisas que desprezo e dispenso.
Já há muito que me deixei dessa vida de quem tem vida.
De quem é vivo.
Estar vivo não é apenas darmo-nos ao diário incomodo de respirar, é dar razão a cada inspiração e expiração que se opera.
É ter alguém a espera para partilhar a nossa respiração.
É demasiado esforço esperar por alguém.
É pedir demais pedir que alguém esteja a nossa espera, que espere por nós, sem saber por vezes o que esperar.
Mas sempre é bom esperar, mesmo sem se saber, mesmo sem propósito ou vontade, pois a espera torna se o próprio propósito da respiração da vida.
Da vida de uma respiração.


Mais do que algum dia desejei ou sequer imaginei.
Não me sabia tão susceptível à luz emitida pelo desejo de respirar.
Demo-nos ao luxo da hipocrisia e peça-mos numa noite qualquer a deriva no calendário, a alguém que se cruze connosco, para nos esperar. 
Deve ser bom ter alguém a nossa espera, embora não saiba se estaria disposta a esperar.
Será que é assim que funciona, espera por espera, troca por troca?
E se a pessoa por quem esperar não for a pessoa de quem estava a espera?
E se não quiser esperar por quem me esperou e fechar a porta de regresso ao lado escuro da lua?
A espera é demasiado a pedir a alguém que não dá valor a respiração da vida.
Apesar de agora esperar que removam o ultimo o corpo que se deixa estar caído por terra. 
Sem vida. 
Sem espera.