22 de outubro de 2009

Para onde foi o cheiro dos livros,
o calor do sol,
a magia do toque da chuva,
o brilho dos cristais,
toda a maravilha do exterior?



Onde pára a minha alegria,
a minha loucura,
a minha ânsia,
a minha juventude?
Eu já percorri todos bosques,
bebi de todas fontes,
ouvi todos os conselhos,
vi todas as maravilhas,
senti todas as tristezas,
provei de todos os beijos.
Eu já dei de mim.

Eu já acordei,
e já adormeci.
Já magoei,
já pareci,
já quis,
já gritei,
já amei,
já calei,
desabei,
enlouqueci,
já corri,
já tive,
já fiz,
já ouvi,
e já falei.

Eu já vivi e morri,
todas as manhas e noites dos meus dias.
Já entrei e sai de todas as pessoas com quem me cruzei.
Já desvendei todas as verdades,
já encobri todas as mentiras,
e ate já contei e vivi as minhas.
Já prendi e já dei liberdade.
Já estou cansada.

Quando chegara para mim?
Quando me irão ver?
Quando é que irei realmente existir,
para então poder morrer!
Já vivi e estou cansada,
e não mais quero ter.
Já vi e ouvi tudo o que tinha,
e não há maior vivência que a minha,
pois mais do que vivi e sei que não quero viver.

Estou satisfeita e avida,
pois tudo o que me dão,
já me deram,
tudo o que me pedem
eu já dei!
Onde esta o segredo rei?
A novidade escondida e clara ?
Onde está a minha terra prometida?
Quando poderei tirar o meu manto de invisibilidade?
Porque eu quero ser vista!
Eu quero existir!
Estou farta da vulgaridade dos dias,
dos feitos, dos ditos, das acções!
Eu quero a liberdade da mentira!
Eu quero a minha terra prometida!

Eu quero ser verdade!