15 de julho de 2010

É bom falar. Dizem os outros que é bom falar. É bom partilhar o que sentimos, pensamos, o que nos acontece, porque fazemos ou do que precisamos. É bom falar. E todos querem saber o que se passa. Uns por curiosidade, outros para se sentirem importantes, outros para estabelecerem ligações de confiança, outros porque apenas querem ajudar. Sejam quais forem as razões todos parecem estar dispostos a ouvir, mesmo que não escutem o que dizemos. Por vezes desabafamos com as pessoas que pensamos próximas, em que confiamos, que pensamos que nos vão compreender e escutar. Outras vezes explodimos com as pessoas menos improváveis, que algumas dessas vezes se revelam reconfortantes e preocupadas.
Seja como for é bom falar. Todos nós gostamos de falar. Todos nós queremos ser escutados. Todos nós procuramos conforto e compreensão.
Mas como falar? Como carregar quem gostamos e confiamos com o peso do nosso peso, preocupando-os, quando eles precisam que os escutem?
Prefiro não falar. Para quê?
Posso esperar que quem gosto fique bem, posso aguentar tudo cá dentro. Posso aguentar tudo sozinha. Afinal... há tanta mais gente com problemas, tão piores que os meus...
Porque não me resolver sozinha, ajudando assim os à minha volta. É assim que penso. É o melhor que tenho a fazer. É o que consigo fazer. Mesmo que queira falar, mesmo que me peçam as palavras faltam-me e eu calo-me. Não se passa nada. Nunca se passa nada. E é melhor assim... penso eu.
Incrível como me é tão fácil criar laços de amizade e confiança, conhecer uma pessoa como a palma da minha mão, mas quando toca a falar de mim, deixo a conversa para o papel... e continuo sem dizer nada. Desabafar é tão difícil. Tenho medo de me mostrar a uma pessoa e que essa pessoa abuse do que sabe. Não posso correr esse risco. mesmo que me veja sozinha quando estou acompanhada, perdida nos meus pensamentos e engolindo em seco com as lágrimas nos olhos enquanto me rio de uma piada. Que ando eu a fazer.. que hei-de eu fazer... Porque é que escrevi isto?