23 de julho de 2010

Sufoco com os beijos das tuas doces e enganadoras palavras, sufoco com a leitura da história passada, vejo-me sozinha a sufocar no chão.
E em toda a minha vã loucura  nunca me vejo deveras só, pois tenho como companhia a solidão, devorando-me como feras famintas à volta de uma carcaça.
Tiras-te tudo de mim, e quando o recuperei quiseste-mo tirar de novo.
Não precisaste, fui brutalmente assaltada.
Pergunto-te então:- Estás feliz?
Espero, não pergunto, sei que vagueias pelas ruas da amargura e seria cruel tal coisa sair da minha boca, enquanto te olho debaixo da ponte.
Pergunto-te então: - Do que precisas?
Ou talvez não pergunte pois não me saberás responder.
Digo-te então: - Estou aqui.
Mas minto-te pois ao te afogares em corpos pagãos obrigas-me a desaparecer.
Não me vou basear mais em chuva, em amores vagos ou poesias, em facilidades fugazes de paixão.
Já atirei com as incertezas à parede, assentei os pés no chão e deitei o armário dos sentimentos ao lixo.
Não me vejas como a recordação de quem era, não me aceites como sou.
Tornei-me uma velha carcaça devorada por feras de solidão solidária.
Devolve-me a loucura e a vontade de viver. Ou simplesmente beija-me e espeta-me um punhal.