21 de agosto de 2010

Eu, Deus e a Solidão - Parte I

Solidão sentava-se na cadeira, muito hirta e séria, com as pautas na sua frente, todos os dias às 7. Abraçando o majestoso violoncelo, tocava ,durante o tempo necessário, a peça escolhida a ser tocada, até que cada nota saísse perfeita e executasse a dita do inicio ao fim sem falhas.
Geralmente terminava as 12, Eu varria o chão, sentavam-se à mesa e deus, sentado ao lado comia da tigela.

Ás 13, Eu sentava-se no sofá, de guitarra eléctrica a tocar durante tempos curtos e intercalados entre a televisão e o instrumento, Solidão lia um livro sentada no chão e Deus saía para comprar o jornal. Só, voltava por volta das 17 a cheirar a um perfume intenso e sem jornal na mão ou no bolso. Solidão beijava-lhe a testa, retirava-lhe e pendurava-lhe o casaco e preparava-lhe o banho. Voltava para o seu livro. Deus voltava, varria o chão e preparava o jantar.

Ás 20, em ponto, e sem ser tolerado qualquer atraso, Deus e Solidão estavam à mesa a comer e conversar, enquanto Eu, no chão sentado, comia da tigela.

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