30 de agosto de 2010

Ninguém consegue ver o outro lado,
ver por outros olhos, 
ninguém consegue compreender algo que lhe é inaceitável, 
e todos esses irão morrer um dia, ignorantes...


Por vezes não seria melhor errar, só por errar, ou desistir, só para não saber o que se segue Cair e deixar-se ficar pelo chão deitado, sem vontade de levantar. 
Ficar calado, quando alguém nos insulta, ou nos difama. 
Ficar quieto quando alguém profana algo que nos é querido e precioso.
Não procurar o que se perde, não ficar com o que se ganha.
Simplesmente estagnar numa enorme poça de placidez, indiferença e falta de vontade, sem interesse em qualquer evolução, acontecimento, transformação. 
Sem noção de contentamento ou irritabilidade.
Simplesmente parar. 
Estagnar, fechar os olhos sem a preocupação de os voltar a abrir.
Não querer saber de nada nem de ninguém, nem de nós próprios.
Não ter qualquer tipo de opinião , não ter a necessidade de pensar.
Não ter necessidade de fazer o que quer que seja.
Não falar, não cheirar, não ouvir, não ver, não sentir ou tactear à volta, não se querer saber onde está, como está, com alguém ou sozinho.
Não se poder abrir a boca, emitir o som que seja, não poder abrir os olhos, ou ver sequer se os abrir, não ouvir, ficando sem o mais mínimo barulho de fundo para o ridículo.
Tudo isto sem ocorrer um pensamento, uma luz, uma ideia, a lembrança de uma melodia ou de um dia feliz, nada, absolutamente nada... que lhe compense a falta de estímulos sensoriais.
E na indiferença da estagnação por desistência da existência, de curiosidade de um amanhã, deixar de respirar. 
Não esquecer-se de o fazer.
Simplesmente deixar de o fazer.
Sem medo.
Sem vontade de respirar.
Sem sofrimento.
Sem noção de morte, da possibilidade dela ou de qualquer tipo de cenário que se siga.
Simplesmente sem querer saber e sem saber que está morto, ou se está morto.


Sempre fora um fantasma, mas nunca reconhecera a vastidão e a falta de ser da sua existência, até hoje quando ao cair sem dor, se deixou morrer.

26 de agosto de 2010

Destino. Sempre exclui a possibilidade de algo tão certo como o Destino. De um caminho traçado que devêssemos seguir, levando a diferentes fins, dependentes das nossas decisões. Não me ponho a pensar em tal pois admitir essa existência levar-me-ia a considerar a possibilidade de realidades paralelas, inúmeras vidas numa só vida em separado, o que complementaria o sentido incompleto e subjectivo da vida em si. Insanidade.

Mas o Destino, se existente de facto, e traçado de certa maneira, é algo realmente difícil de cumprir, visto que nas dúvidas e escolhas ao longo da vida, se falharmos uma, uma só que seja, essa escolha impedirá a concretização do verdadeiro, original e primeiro plano, e talvez se perdesse o verdadeiro propósito da existência pessoal, perdendo-se nesse momento o caminho.

Grande peso este, grande responsabilidade. Uma vida perdida num segundo em que uma decisão é tomada. Outra vida perdida caso o caminho se prolongue pela decisão certa. Sim, porque nunca nada nos dá certeza, que se no caso de termos um caminho traçado, esse caminho seja o melhor ou o mais feliz.

E quanto peso terá o Destino? Quão importante será seguir algo por alguém algures traçado? Algo que desde do inicio não depende de nós, da nossa escolha, mas sim de uma entidade por nós desconhecida. Será correcto seguir um caminho que não podemos dizer nosso, por não depender de uma nossa decisão?
E o que dizer sobre os pequenos acontecimentos da vida, que nós próprios consideramos testes, e que certa ou erradamente apelidamos de tentações, algo bom, mas errado, algo certo, mas proibido… o que deveremos dizer sobre isso? Qual o papel e importância deveremos atribuir?  

E se o Destino é algo de tamanha importância, porque a existência da possibilidade do fracasso na concretização do mesmo? Seremos puros para nos traçarem a vida, mas precisamos de prestar provas e serviços de que somos dignos de seguir esse mesmo caminho traçado?
E se realmente errarmos, pecarmos, cairmos em tentação ou simplesmente formos imprudentes, mudando a situação mas não alterando o percurso, erramos no carácter mas isso não nos faz perder o direito de alcançarmos o propósito do nosso destino?

Então o que é deveras necessário para o cumprir? Quais são os requisitos? E principalmente, quem são os tão exímios jurados, qualificados ao ponto de nos julgarem e ditarem? E talvez eles próprios nos conferirem outro destino? Será racional por muito que seja a fé regrarmo-nos por entidades que desconhecemos e exteriorizar valores e padrões pessoais por causas das mesmas, por causa do mero, tão ambíguo e desconhecido, mas tão igualmente pesado e hiperbolizado Destino? Seremos nós marionetas numa existência de almas perdidas? Ou realmente haverá algo mais? Um fim, um propósito, uma recompensa, um destino de terra firme e céu limpo no fim e concretização do derradeiro Destino.
 Haverá descanso?

24 de agosto de 2010

Quão previsível será o ser humano? Quão determinado à sua condição biológica e natural? Quão aprisionado à sua natureza de carácter? Será possível um ser mudar, ou tudo o que pode ser considerado como mudança não passa de adaptação a novas realidades e circunstâncias?

Um indivíduo enquanto unidade, como o nome indica, que sobressaia pelo seu carácter exímio ou grotesco, será irremediável? E porque a necessidade das pessoas mudarem? Porque procurar alguém com quem partilhar gostos e ideias? Porque a tentativa de inserção? Porque os sacrifícios pessoais de vontades, quando em confronto com uma nova sociedade ou entidade? Porque a submissão? Não será a adaptação de gostos, de pose, de pensamento, de indumentaria, mesmo quando considerados evolução, uma fuga de nós próprios? Uma admissão de que algo está errado? De que não somos perfeitos? E porque ser perfeito? Porque procurar em alguém certas qualidades, não só no que respeita ao carácter mas também as posses?

O que aconteceu ao “opostos atraem-se”, ou aos valores e integridade? E como é que alguém pode ter uma mente tão distorcida a ponto de materializar a felicidade? O que aconteceu aos momentos, ás sensações, ao sentimento e à sensibilidade? Para onde foram as virtuosas senhoras e os cavalheiros?

Vivemos num mundo inundado de crenças mas vazio de santos. Desgastado e esquecido do valor. Esquecido do sentir, e dos sentidos. Um mundo onde a paisagem é cega e as pessoas são feitas de aço e prata, numa plastificação bonita, aprumada e vazia. Vivemos num mundo onde já poucos sabem viver.  

21 de agosto de 2010

Eu, Deus e a Solidão - Parte II

E ao virar a esquina viram a cara ao medo, fugindo à admissão do que deve ser mantido em segredo. E a recusa recicla, numa mentira que engolem, num comprimido as riscas para esquecerem enquanto dormem. E ninguém quer saber, ninguém tem de o fazer, podem passar pela montra, olhar muito e nada ver. E enquanto na cama sonham o que não mais vão lembrar, nem sonham o que o dia seguinte os faz esperar. Uma matilha de corredores ávidos por atingir algum sítio seguro, onde não os possam mais tocar, e assim isolam-se em caves e jaulas, e noutros sítios de encantar, reduzem-se a vermes e engolem as chaves das casas de paredes em ruínas, ficam presos em si, as suas vidas, ao seu corpo sem comer ou beber, com medo de sair, arriscar e morrer.

Deus, qual Deus? Onde está e quem é? Pago a quem me der o local onde posso encontrar esse Zé. Zé-ninguém, impotente, inconsciente e demente, que nos joga como marionetas numa roleta de vergonhas e consciências, que apenas nos acorda as dormências para fazer doer onde não existe, que nos leva a gritar, em prova que o espírito está perdido, mas o corpo ainda resiste. Deus? Qual Deus? Qual perdão? Qual misericórdia? Enquanto muitos morrem e matam-se pela discórdia que é Deus! Qual Deus? Qual bicho ou criatura, qual pedaço de madeira? Vela ou escultura? Pessoa nova ou velha? Homossexual ou racista? Lobo de raça mista? Deus? Qual deus? Quando o vir na rua vou matar esse filho de Puta!

Eu, Deus e a Solidão - Parte I

Solidão sentava-se na cadeira, muito hirta e séria, com as pautas na sua frente, todos os dias às 7. Abraçando o majestoso violoncelo, tocava ,durante o tempo necessário, a peça escolhida a ser tocada, até que cada nota saísse perfeita e executasse a dita do inicio ao fim sem falhas.
Geralmente terminava as 12, Eu varria o chão, sentavam-se à mesa e deus, sentado ao lado comia da tigela.

Ás 13, Eu sentava-se no sofá, de guitarra eléctrica a tocar durante tempos curtos e intercalados entre a televisão e o instrumento, Solidão lia um livro sentada no chão e Deus saía para comprar o jornal. Só, voltava por volta das 17 a cheirar a um perfume intenso e sem jornal na mão ou no bolso. Solidão beijava-lhe a testa, retirava-lhe e pendurava-lhe o casaco e preparava-lhe o banho. Voltava para o seu livro. Deus voltava, varria o chão e preparava o jantar.

Ás 20, em ponto, e sem ser tolerado qualquer atraso, Deus e Solidão estavam à mesa a comer e conversar, enquanto Eu, no chão sentado, comia da tigela.

17 de agosto de 2010

Há pessoas que fogem ao amor, que destroem e desperdiçam as paixões que encontram ao longo do caminho, e depois quando acham que já estão no outono da sua vida amorosa, e como houve não mais haverá, e também empurrados pelo medo de morrerem sozinhos, acabam por se juntar com alguém com quem não há paixão, alguém que provavelmente cometeu os mesmos erros e pensa da mesma maneira, e com quem julgam ter algum tipo de noção de felicidade.

E depois há pessoas que procuram eternamente, que vivem as suas paixões e tem as suas desilusões mas ao longo do caminho algo se perde e com esse algo a esperança de encontrar o outro, e assim acabam sozinhas.

E depois há os típicos casos de casais que ao se conhecerem na flor da idade se agarram um ao outro como se não houvesse amanhã. Precipitam-se, engolem-se e consomem-se, acabam por se separar dez anos depois ou simplesmente vivem juntos até ao ponto de não comunicarem a não ser através de berros, dormirem em quartos separados, odiarem-se profundamente acusando se mutuamente de uma juventude roubada e consumida mas sem nunca dar o braço a torcer que aquela relação já não é nada.

Não penso que ninguém deva acabar sozinho, contentar-se com meias felicidades ou sufocar-se com um primeiro e muito opressivo amor. A busca nunca deve acabar, mas não se pode acreditar na perfeita cara metade. Tal coisa não existe pois ninguém é perfeito. A pessoa perfeita deve ser perfeita não porque tem todas as qualidades e aceita todos os nossos defeitos, taras e paranóias, mas sim porque... porque no fim do dia essa pessoa é a única que realmente nos vê, com quem realmente podemos falar, com quem podemos ser nós próprios sem julgamentos ou conclusões, que realmente sabe quem somos e quer estar lá quando precisamos. É quem queremos encontrar quando chegamos a casa, a ultima pessoa que queremos ouvir antes de dormir. É por quem acordamos as 4 da manhã e percorremos meia cidade porque essa pessoa simplesmente precisa de companhia.

E não digam que amor não é sexo. Tem de ser sexo! Tem de ser aquela sensação de querer tocar a todo o momento, aquele calor por dentro quando um beijo é exactamente perfeito. É o corpo também, são sensações intensificadas ao extremo!

O amor na sua forma mais primária, num olhar, num toque, numa sensação, numa atracção não muito bem explicada é a mais simples coisa. Mas as pessoas insistem em virar as costas, ou porque é demais, ou não é o suficiente, e depois estão confusas e depois já sim e agora já não e afinal é aquele e não este. Quão difícil será admitir o que se quer, dizer o que se quer, sejam qual forem as razões!!

O amor não é difícil de encontrar, é difícil de lutar, de conservar e de admitir. É tortuoso de esquecer.
Mas está por todo o lado.

16 de agosto de 2010

Não sei se foi do exagero, se realmente comi demais ou se me vacinaram durante o sono, apenas sei que amanhã não terei medo de passar a porta. Não terei de olhar para os dois lados da rua antes de atravessar nem escorregar por uma multidão de pessoas na baixa desta cidade. Não terei de dizer bom dia nos cafés, nem atender telefonemas, nem mandar mensagens, nem nada. Na verdade não terei de falar de todo. Não terei de olhar para alguém senão eu própria reflectida nas montras das lojas e nas poças da rua. Amanhã terei coragem de passar a porta pois todo o resto do Mundo vai ficar em casa. Cansei da vida dos outros constantemente no caminho da minha. Estou zangada, desiludida, revoltada. Com ninguém e com toda a gente. Acho que se trata da simples acumulação de anos em prol de tudo menos de mim. Sinto-me traída, tão traída. Como se o vento me espetasse facas nas costa enquanto deixo a colina. Finalmente no topo da mais bela ponte de algum ou outro, admiro as rochas que seguram esta cidade. Não se ouve um ruído, ninguém pôs um pé fora de casa.

11 de agosto de 2010

Como algo realmente escuro, realmente brilhante, realmente intenso, os teus olhos. Uma perdição de palavras que se silenciam, pois qualquer tentativa de explicação se podia entender como atentado ao sagrado, sacrilégio punido com a morte.
Como seda, como pétalas da mais rara flor, como a mais suave das brisas, a tua pele. Tão pecaminosamente pousada no teu curvilíneo corpo, que só de existir torna Deus mortal.
Como um tesouro, uma raríssima preciosidade, uma urgência, um chamamento, a tua boca. Molhada como as águas quentes das imortais e longínquas ilhas desertas, desses sítios quentes para que transportas com esse tão alucinante beijo teu.
Como uma Afrodite pecadora, uma Vénus santificada, uma santa desejada rodeada pelo prazer do pecado.
Fénix renascida uma e outra vez, em cada uma das mil e uma noites, vidente cigana sedutora e vigarista.
Doce princesa virginal que pela janela se escapa.
Quantos poderosos de te seduzir! Qual o capaz de prender...
És tu assim, meus olhos.

7 de agosto de 2010

Não sei para onde me levas ou porque me levas, apenas sei que me sinto bem. E é  fácil esquecer o mundo que nos rodeia, é fácil ser fácil. É fácil ser nós. Até quando isto? Até quando a facilidade do simples? Até quando este engano cruel. Não sejamos mentirosos e larguemos as mãos. Tu levas me e eu confio mas sabemos que não ira durar. Porque a mão que me dás não é a tua e eu não agarro a tua mão. Mas por enquanto sinto bem e o resto que vá com o vento.

2 de agosto de 2010

You know.. I care, but I'll stop caring.
Don't look me with those sad little eyes of your, is no pity or compassion left.
I'm not a doll, I'm not an object... so get the hell away and stop looking at me!
You have no right, no possession, my body is not yours, my mind never was or would be anyone else property but mine and his.
I have my own way to do things, stop telling me what and how to do it.
stop getting in the way of my happiness and freedom.


I'm good now.