2 de junho de 2010

A tua distancia descalibrada e desequilibrada com essa mesma companhia diária desagrada me. Entre nós não há o que haver, e a sopa esta a esfriar. Não há amanha para a sobremesa. E eu consumo me em erros e vontades para me esquecer do prato principal. Mas volto para tocar piano todas as tardes contigo. Se ao menos tivesse corrido mais depressa, chegado mais longe, chegado primeiro. Talvez.... não! E até se calhar poderíamos comprar numa sex shop um candelabro de duas extensões, que se fariam então três, e o escondêssemos debaixo do casaco. Mas não daria... só há espaço para uma vela na mesa de jantar. E à noite poderíamos ouvir aquela musica em silencio mas não escapas às vozes da consciência moral. Poderias até mudar de trajes, mudar os olhos, virar mulher, não escaparias a queda no poço recheado de livros, pena e papel para amparar a queda. Nada mudaria se não o mudasses tu, sendo tu. Estando aqui.

3 comentários:

  1. Isto sim, é qualquer coisa de qualquer coisa. Não sei se é do candelabro ou do piano, ou talvez do candelabro a tocar um piano de casaco. Mas há qualquer coisa na mulher que nasceu, um terceira extensão do coração ao sexo feito de papel, ou no papel ou na mesa de jantar. Isto sim. Qualquer coisa de qualquer coisa. E um dia destes vou a uma sex shop comprar-te um anel de diamantes.

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  2. Excelente
    A escrita e o sentimento
    Como sempre
    Profundo o pensamento

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